quinta-feira, 11 de julho de 2013

Escrita de si por Renata Konsso

O estupro de uma pátria
Uma pátria sem língua
Uma gente sem terra
Uma terra com frutos, sem filhos
Colapso. Esgotamento
O riso ruindo, vindo abaixo
Em meio a guerra, ao fogo
Aperta o passo
Se esconde
Mata, colhe grão por grão
Perdendo a identidade
Falta visão pra sair da prisão
Medo a céu aberto
Região. Religião. Ambição
Não são. Não podem
E eu, sem arco e sem flechas
Sendo aldeada
Moral e estéticamente
Sou estrangeira
Esquisita
Diferente
Criminosa
Insolente
Sem fé
Em tempos onde a ganância é maior que o amor...
Hoje, ontem
Em São Paulo ou na Coreia
Sempre
Quem é vítima de quem?
Em casa tem vários jesuítas
Eu sou índia
Mofando danças, crenças e deuses
Enterrada viva em meu próprio lar
Por ele, que me querem bem
Não sou. Não posso.

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